segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ESQUEMA SOBRE A TEORIA ÉTICA UTILITARISTA DE MILL


         A TEORIA ÉTICA UTILITARISTA
TEORIA ÉTICA CONSEQUENCIALISTA
 As consequências de uma acção é que determinam se é moralmente correcta ou incorrecta.
TEORIA ÉTICA HEDONISTA
Todas as actividades humanas têm um objectivo último, isto é, são meios para uma finalidade que é o ponto de convergência de todas. Esse fim é a felicidade ou bem-estar. Mais propriamente procuramos em todas as actividades a que nos dedicamos viver experiências aprazíveis e evitar experiências dolorosas ou desagradáveis. Esta perspectiva que identifica a felicidade com o prazer ou o bem-estar tem o nome de hedonismo. Mas trata – se da felicidade geral e não da individual.
O CRITÉRIO DA MORALIDADE DE UMA ACÇÃO
Segundo Mill a utilidade é o que torna uma acção moralmente valiosa. O critério da moralidade de um acto é o princípio de utilidade. Este princípio é o teste da moralidade das acções. Uma acção deve ser realizada se e só se dela resultar a máxima felicidade possível para as pessoas ou as partes que por ela são afectadas. O princípio de utilidade é por isso conhecido também como princípio da maior felicidade. A ideia central do utilitarismo é a de que devemos agir de modo a que da nossa acção resulte a maior felicidade ou bem - estar possível para as pessoas por ela afectadas. Uma acção boa é a que é mais útil, ou seja, a que produz mais felicidade global ou, dadas as circunstâncias, menos infelicidade. Quando não é possível produzir felicidade ou prazer devemos tentar reduzir a infelicidade. Costuma-se resumir o princípio de utilidade mediante a fórmula «A maior felicidade para o maior número». Esta fórmula foi cunhada por Francis Hutchinson e não aparece tal e qual nos escritos de Mill.

MORALMENTE INCORRECTO/MORALMENTE CORRECTO

Acção moralmente
correcta
Acção moralmente incorrecta
A acção que tem boas consequências ou dadas as circunstâncias melhores consequências do que acções alternativas.
A acção que tem más consequências ou dadas as circunstâncias piores consequências do que acções alternativas

O que é uma acção com boas consequências
O que é uma acção com más consequências
-Acção cujos resultados contribuem para um aumento da felicidade (bem – estar) ou diminuição da infelicidade do maior número possível de pessoas por ela afectadas.
- Acção subordinada ao princípio de utilidade.



- Acção cujos resultados não contribuem para um aumento da felicidade (bem – estar) ou diminuição da infelicidade do maior número possível de pessoas por ela afectadas.
- Acção egoísta em que a felicidade do maior número não é tida em conta ou em que só o meu bem – estar ou satisfação é procurado.
- Acção que não se subordina ao princípio de utilidade.
NÃO HÁ DEVERES ABSOLUTOS
Para o utilitarista as acções são moralmente correctas ou incorrectas conforme as consequências: se promovem imparcialmente o bem-estar são boas. Isto quer dizer que não há acções intrinsecamente boas. Só as consequências as tornam boas ou más. Assim sendo, não há, para o utilitarista, deveres que devam ser respeitados sempre e em todas as circunstâncias. Se para a ética kantiana, alguns actos como matar, roubar ou mentir são absolutamente proibidos mesmo que as consequências sejam boas, para Mill justifica-se, por vezes, matar, deixar morrer, roubar ou mentir.
O PRINCÍPIO DE UTILIDADE E AS NORMAS MORAIS VIGENTES
As normas morais comuns estão em vigor em muitas sociedades por alguma razão. Resistiram à prova do tempo e em muitas situações fazemos bem em segui-las nas nossas decisões. Contudo, não devem ser seguidas cegamente. Nas nossas decisões morais devemos ser guiados pelo princípio de utilidade e não pelas normas ou convenções socialmente estabelecidas. Dizer a verdade é um acto normalmente mais útil do que prejudicial e por isso a norma «Não deves mentir» sobreviveu ao teste do tempo. Segui - la é respeitar a experiência de séculos da humanidade. Mas há situações como em que não respeitar absolutamente uma determinada norma moral e seguir o princípio de utilidade terá melhores consequências globais do que respeitá – la.
FELICIDADE GERAL E FELICIDADE INDIVIDUAL
A minha felicidade não é mais importante do que a felicidade dos outros. O utilitarismo de Mill não defende que tenhamos de renunciar à nossa felicidade, a uma vida pessoal em nome da felicidade do maior número. Trata-se através da educação segundo o princípio de utilidade de abrir um espaço amplo para que a inclinação para o bem geral se sobreponha com frequência cada vez maior ao egoísmo. O princípio da maior felicidade em Mill exige que cada indivíduo se habitue a não separar a sua felicidade da felicidade geral sem deixar de ter projectos, interesses e vida pessoal.
UM EXEMPLO ILUSTRATIVO DA TEORIA ÉTICA DE MILL
Imagine que um grupo de terroristas se apodera de um avião em Berlim. Os seus passageiros e tripulantes ficam reféns. Contudo, os terroristas propõem libertá-los se um cidadão local que eles consideram envolvido em actividades antiterroristas lhes for entregue para ser morto. Se as autoridades da cidade não colaborarem no prazo de quatro horas ameaçam fazer explodir o aparelho com todas as pessoas lá dentro. As autoridades locais sabem que o cidadão em causa não cometeu o menor crime durante a sua vida e que os terroristas estão enganados pois não participou na morte de membros do grupo que agora dele se quer vingar. Não obstante, sabem que será vã a tentativa de convencer os terroristas de que estão enganados. Após longa deliberação decidem entregar o referido cidadão aos terroristas que libertam os reféns e matam quem queriam matar.
Posição de Mill
Acção moralmente correcta
Justificação
Há que ter em conta a acção que produziria mais felicidade global. O que produz mais infelicidade? Deixar morrer um inocente ou deixar eventualmente morrer dezenas de inocentes? Quantas famílias não ficariam enlutadas caso não se cedesse às pretensões dos terroristas? Para Mill justifica-se, por vezes, matar, deixar morrer, roubar ou mentir. Nenhum desses actos é intrinsecamente errado e, por isso, os deveres que proíbem a sua realização não devem ser considerados absolutos. Deve notar – se que estamos a referir – nos a um caso dramático em que as alternativas – permitir a morte de um ou permitir a morte de muitos – são ambas repugnantes. Mas há que optar e, segundo Mill, seguir um princípio como cumpre o dever é vago.
























ESQUEMA SOBRE O PROBLEMA DA OBJECTIVIDADE DA ÉTICA

 
QUESTÃO CENTRAL
OS JUÍZOS DE VALOR TÊM VALOR DE VERDADE (PODEMOS DIZER QUE SÃO VERDADEIROS OU FALSOS)?
Outras formas de apresentar o problema:
1.      Há juízos morais universalmente válidos ou objectivos?
2.      Há verdades morais objectivas?
3.    Há princípios e normas morais que, seja onde for, é errado não respeitar?
Várias respostas ao problema

           1.O Relativismo Moral Cultural (RMC)    
2.O Subjectivismo Moral (SM)
3.A Teoria dos Mandamentos Divinos (TMD)     
4.O Universalismo Moderado












O RELATIVISMO MORAL CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.
«Matar é errado», «Roubar é incorrecto» e «Mentir é imoral». Será que estes juízos são verdadeiros? Será que são objectivos e universais? «Há verdade e falsidade em assuntos morais?», «Faz sentido dizer que uma crença moral é correcta e que outra é errada?»
O relativismo moral afirma que aqueles juízos são verdadeiros mas não em todo o lado e para todas as pessoas. A verdade dos juízos morais é relativa ao que cada sociedade aprova. Moralmente verdadeiro é o que cada sociedade - ou a maioria dos seus membros - acredita ser verdadeiro. Moralmente verdadeiro é igual a socialmente aprovado e moralmente errado é igual a socialmente desaprovado. Um juízo moral é falso quando os membros – a maioria – de uma sociedade o consideram falso e verdadeiro quando o consideram verdadeiro. Assim, afirmar que «Matar é errado» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente incorrecto». Afirmar que «Matar é moralmente correcto» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente correcto».
As convicções da maioria dos membros de uma sociedade são a autoridade suprema em questões morais. O relativismo cultural acerca de assuntos morais afirma que o código moral de cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade em que vive e foi educado. Os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera verdadeiro.
ARGUMENTO CENTRAL DO RELATIVISMO MORAL CULTURAL
Premissa 1 – O que é considerado moramente correcto ou incorrecto varia de sociedade para sociedade. (Diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais).
Premissa 2 – O que é moralmente correcto ou incorrecto depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correcto ou incorrecto.
Conclusão – Logo, não há nenhuma resposta objectivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais)
OBJECÇÃO
Resumindo o argumento:
Premissa - Diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais.
Conclusão – Logo, não há nenhuma resposta objectivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais)
Contra – argumento
Premissa - Diversas culturas discordaram quanto à forma da Terra (umas pensaram que era esférica, outras plana, outras esférica mas um pouco achatada)
Conclusão – Não há nenhuma verdade objectiva acerca da forma da terra.
A premissa é verdadeira mas a conclusão é falsa (sabemos que a Terra é redonda). Como de premissa verdadeira não pode logicamente derivar conclusão falsa este argumento não é válido. Como o argumento do R.M.C. ´
tem a mesma forma deste, temos de concluir que não é válido.
OUTRAS OBJECÇÕES AO R.M.C.
1 - Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correcto e algo ser moralmente correcto.
O relativismo moral cultural transforma a diversidade de opiniões e de crenças morais em ausência de verdades objectivas. Mas isso pode ser sinal de que há pessoas e sociedades que estão erradas e não de que ninguém está errado. Se duas sociedades têm diferentes crenças acerca de uma questão moral, o relativista conclui que então ambas as crenças são verdadeiras. Os adversários do RMC objectam que a conclusão não deriva necessariamente da premissa porque essa discórdia pode ser sinal de que uma sociedade está certa e a outra está errada.
2. O RMC reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro.
Desde quando o que maioria pensa é verdadeiro e moralmente aceitável? Os nazis acreditavam e fizeram com que a maioria dos alemães acreditassem que os judeus eram subhumanos e que exterminá – los era um favor que faziam à humanidade. Isso é claramente falso.
3. O RMC parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da coesão social, as crenças dominantes.
Algumas pessoas ao longo da história quiseram e conseguiram mudar a nossa maneira de pensar acerca de certos problemas morais. Estou a lembrar – me de quem combateu a escravatura em nome dos ensinamentos de Cristo – embora os defensores da escravatura dissessem que a Bíblia justificava o que faziam – de quem lutou contra o apartheid na África do Sul( Nelson Mandela) e contra a segregação racial nos EUA ( Martin Luther King).Essas pessoas fizeram bem à humanidade, combateram injustiças e devemos – lhes grande progresso moral. Ora, o RMC parece implicar que a acção dos reformadores morais é sempre incorrecta.
4.O relativismo moral torna incompreensível o progresso moral
É verdade ou pelo menos parece que não há acordo entre os seres humanos sobre muitas questões morais. Mas também é verdade que a humanidade tem realizado progressos no plano moral. A abolição da escravatura, o reconhecimento dos direitos das mulheres, a condenação e a luta contra a discriminação racial são exemplos. Falar de progresso moral parece implicar que haja um padrão objectivo com o qual confrontamos as nossas acções. Se esse padrão objectivo não existir não temos fundamento para dizer que em termos morais estamos melhor agora do que antes. No passado, muitas sociedades praticaram a escravatura mas actualmente quase nenhuma a considera moralmente admissível. Muitos de nós e com razão consideramos esta mudança de comportamento e de atitude um sinal de progresso moral. Mas se para o RMC nenhuma sociedade esteve ou está errada nas suas crenças e práticas morais torna-se difícil compreender a ideia de progresso moral. Tudo o que o R.M.C. nos permitiria dizer é que houve tempos em que a escravatura era moralmente aceitável e que agora ela é já não é aceite.
O SUBJECTIVISMO MORAL: a cada um a sua verdade em assuntos morais
Subjectivismo moral - Forma de relativismo segundo a qual cada indivíduo responde às questões morais baseado no seu código moral pessoal e não pode estar errado se os seus juízos corresponderem aos seus sentimentos. Os nossos juízos morais baseiam-se nos nossos sentimentos e como os sentimentos são subjectivos nenhum juízo moral é objectivamente certo ou errado. É também denominado relativismo individual.
João
«É moralmente errado matar animais para os comermos além de desnecessário»
Miguel
«É moralmente correcto matar animais para os comermos»
Quem tem razão?
Segundo o subjectivismo ambos os juízos morais são verdadeiros porque cada um está em conformidade com os princípios em que cada um dos indivíduos acredita. Uma vez que João aceita o princípio de que matar animais para os comer não é incorrecto, o seu juízo é verdadeiro para ele. Como Miguel tem como princípio moral pessoal que é errado matar animais para esse fim, o seu juízo também é verdadeiro. Para o subjectivismo moral não tem sentido perguntar quem está errado acerca da correcção ou incorrecção  moral de matar animais para os comer.
A verdade em assuntos morais é uma questão de opinião pessoal

A cada qual a sua opinião de acordo com aquilo em que acredita e em nenhum caso o juízo moral de uma pessoa é mais correcto ou razoável do que o de outra. O subjectivismo ético, a que podemos chamar relativismo individual, afirma que todas as opiniões acerca de assuntos morais e estilos de vida devem ser consideradas igualmente boas. A tolerância parece ser um elemento central do subjectivismo moral. Rejeita a subordinação do indivíduo ao modo de pensar da maioria da sociedade e não acredita em verdades morais absolutas e objectivas. Ninguém pode dar lições de moral a ninguém. A cada qual a sua verdade e assim deve ser.

OBJECÇÕES AO SUBJECTIVISMO MORAL
                               
1. O subjectivismo moral torna inviável a discussão de questões morais.
O subjectivismo moral parece sugerir que não podemos dizer que as opiniões e juízos morais dos outros estão errados. Se as verdades morais dependem dos sentimentos de aprovação ou de desaprovação de cada indivíduo basta que os nossos juízos morais estejam de acordo com os nossos sentimentos para serem verdadeiros. Um genuíno debate moral em que cada interlocutor tente convencer o outro das suas razões acerca de algo em que acredita perde qualquer sentido. Para o subjectivista será mesmo sinal de intolerância.
2. O subjectivismo ético acredita que não há juízos morais objectivos porque os assuntos morais são objecto de discórdia generalizada mas isso não prova que não haja uma resposta correcta ou verdades objectivas.
Será que o facto de as pessoas discordarem acerca da existência de Deus prova que não há uma resposta à questão Será que Deus existe? Durante muito tempo as pessoas pensaram que as doenças eram causadas por demónios. Sabemos hoje em dia que na maioria dos casos são causadas por microrganismos tais como bactérias e vírus.

A TEORIA DOS MANDAMENTOS DIVINOS: Se Deus não existisse nada seria moralmente certo ou errado.
Roubar é errado.


O que torna este juízo moral verdadeiro? O facto de Deus ter determinado que roubar é errado. Moralmente correcto significa decidido e aprovado por Deus, o criador das leis morais. Moralmente errado significa que é desaprovado por Deus.  


 Para a Teoria dos Mandamentos Divinos, há também juízos morais verdadeiros mas esta verdade não depende do que o indivíduo ou as culturas julgam ser moralmente certo ou errado. A TMD opõe – se às duas teorias anteriores (O RMC e o SM) porque nenhuma delas permite falar de objectividade e universalidade dos juízos morais tais como Roubar é errado e Matar é incorrecto.


Como a vontade de Deus é absoluta as normas morais que ela institui são absolutas, isto é, valem para qualquer ser humano em qualquer época e em qualquer lugar, não admitem excepções. Por outras palavras, se Deus existe há um código moral absoluto - as leis ou mandamentos de Deus - que constitui o critério fundamental que nos permite avaliar as diversas crenças e práticas humanas. Assim, a prática da tribo Kwakiutl de matar pessoas inocentes quando morre um familiar é errada porque viola as leis de Deus. O mesmo se pode dizer do costume indiano de queimar a viúva do esposo falecido juntamente com este. Ambas as sociedades podem não o saber mas segundo a perspectiva que estamos a expor isso só mostra que desconhecem a lei de Deus.

OBJECÇÕES À TEORIA DOS MANDAMENTOS DIVINOS

1. Nem todos acreditamos que Deus existe.
Para os defensores da teoria dos mandamentos divinos as verdades morais resultam da vontade de Deus. As noções de bem e de mal têm origem divina. Esta crença depende de uma crença mais básica e fundamental: a existência de Deus. Mas podemos provar que Deus existe? Podemos justificar a tese de que Deus existe? Parece que se há desacordo quanto à resposta correcta a determinada questão moral também há desacordo quanto a saber se Deus existe. Quem não acredita que Deus existe não tem de aceitar a teoria de que a moral depende da religião.
2 – Mesmo os que acreditam na existência de Deus discordam quanto ao que Deus permite e proíbe.
O UNIVERSALISMO MORAL MODERADO: Há princípios morais universais.
Tese central
Há verdades morais que não dependem nem das crenças de cada cultura, nem dos gostos e sentimentos dos indivíduos, nem da vontade de Deus.
1.Há valores e princípios universais.
Essa universalidade é necessária (imprescindível).
2. Há que distinguir verdades morais absolutas e verdades morais universais.
  Um princípio moral universal aplica-se a todos os indivíduos mas admite excepções conforme os casos. Um princípio moral absoluto aplica-se a todos os indivíduos seja qual for o caso, ou seja, não admite excepções. Todos os princípios ditos absolutos são universais mas nem todos os princípios ditos universais ou objectivos são absolutos.

Verdades morais consideradas universais e necessárias
1-      Devemos proteger as crianças
2- Mentir é errado
Todas as culturas têm uma norma contra a mentira porque se houver a expectativa de que na maioria dos casos os outros vão mentir então a comunicação e a interacção social atingirão o ponto de ruptura e chegarão a um grave impasse.
3- O assassínio é errado.
Nenhuma cultura aprova que se mate arbitrariamente alguém. Se vivermos na expectativa permanente de que os outros nos podem matar, se esta expectativa for a regra e não a excepção não arriscaríamos dar um passo para fora de casa e a desconfiança generalizada conduziria ao colapso da vida social

ESQUEMA SOBRE O QUE SÃO OS VALORES

O que são os valores?
Os valores são os critérios das nossas preferências (são os motivos fundamentais das nossas decisões). Ao tomarmos decisões agimos segundo valores que constituem o fundamento, a razão de ser ou o porquê (critério) de tais decisões.
A atitude valorativa é uma constante da nossa existência: em nome da amizade, preferimos controlar e orientar noutra direcção uma atracção física pela namorada ou mulher do nosso amigo; em nome do amor, preferimos desafiar as convenções sociais em vez de perder a oportunidade de sermos felizes; por uma questão de saúde preferimos o exercício físico, a dieta e o fim do consumo de tabaco aos hábitos prejudiciais até então seguidos; em nome da liberdade, preferimos combater, lutar e correr riscos a aceitar um estado de coisas que, apesar de tudo, satisfaz os interesses económicos da família a que pertencemos; por solidariedade, preferimos auxiliar os famintos e os doentes na Somália e em Moçambique a permanecer em Lisboa dando consultas; por paixão pela música decidimos interromper um curso que não corresponde à nossa vocação profunda; em nome de Deus, renunciamos a certas "ligações terrenas", etc.

ACÇÕES
    VALORES EM QUE SE BASEIAM
1 – Parar quando o semáforo está vermelho.

2 – Consultar regularmente o médico.

3 – Cumprir o que se prometeu.

4 – Participar numa manifestação contra a repressão num país.

5 – Assumir e cumprir as obrigações inerentes a determinada função.

6 – Defender as suas convicções de forma racional em ambiente
hostil e opressivo.

7 – Vestir "roupas de marca" combinando bem as cores.
 Civismo


Saúde


Honradez



Solidariedade




Responsabilidade



Coragem




Elegância

Os valores são diversos e hierarquizados (uns são considerados mais valiosos do que outros)

Toda e qualquer pessoa dá mais importância a determinados valores em relação a outros, estabelecendo-se assim uma espécie de hierarquia de valores. Os valores a que cada pessoa confere mais importância vão reflectir-se nas suas acções e decisões, vão de certa forma organizar e orientar toda a sua conduta futura. Os valores podem, por sua vez, ser agrupados em vários tipos. Assim, e destacando apenas os principais tipos, podemos falar em valores religiosos, estéticos, éticos (sendo provavelmente estes três domínios aqueles que enquadram os valores mais importantes), políticos, teoréticos (da ordem do conhecimento), sensíveis (da ordem do prazer e satisfação), vitais e económicos.
Diversos valores podem inspirar uma mesma acção

Acção: Visitar Roma
A acção pode ser orientada por:
1 - Valores religiosos (ir a Roma para receber a bênção do papa)
2 - Valores estéticos e artísticos (ir a Roma para ver os seus belos monumentos e obras de arte)
3 – Valores morais (ir a Roma com os pais como prova de gratidão pelo que estes fizeram por mim até ao momento)
4 – Valores económicos (ir a Roma porque é um local apropriado para fechar um negócio).
5 – Valores sensoriais (ir a Roma porque se gosta da diversão nocturna da cidade e da sua gastronomia)
A RELAÇÃO ENTRE VALORES E ACÇÃO
Os valores são ideias que influenciam as nossas decisões e acções, as nossas escolhas e preferências. À razão que justifica a decisão de agirmos de um modo e não de outro damos o nome de motivo. Quando justificamos as nossas acções e decisões – quando indicamos o porquê ou a razão de ser – estamos sempre a referir – nos a valores.
Agimos sempre segundo valores que constituem o fundamento, a razão de ser ou o porquê (critério) das nossas acções.
VALORES INTRÍNSECOS E VALORES INSTRUMENTAIS
Uma coisa, acção ou objecto tem valor instrumental quando vale como meio para atingir certo fim. Tem valor intrínseco se e só se for valiosa em si mesma.
O dinheiro tem claramente valor instrumental ou extrínseco. Considera-se que um ser humano, por ser uma pessoa e ter dignidade, é um fim em si, tem valor intrínseco independentemente do seu estatuto económico, da nacionalidade, etnia e género.

ESQUEMA SOBRE A ACÇÃO E A SUA REDE CONCEPTUAL

QUADRO ESQUEMÁTICO
ACÇÃO
Uma acção é um acontecimento desencadeado pela vontade e intenção de um agente. Não é um simples acontecimento, não é simplesmente algo que um agente faz, é algo que um agente faz acontecer intencional ou propositadamente.
Um exemplo de acção
Vou à farmácia comprar uma embalagem de aspirinas porque me dói bastante a cabeça.
A dor de cabeça é algo que me acontece mas ir à farmácia comprar o medicamento é algo que eu faço acontecer porque quero tratar a dor de cabeça. Vou à farmácia com esse propósito e por esse motivo.
A rede conceptual da acção
Que conceitos são necessários para caracterizar uma acção?
       1 - Deliberação
2 - Decisão
                                  3 - Intenção, crenças e desejos
4 - Motivo
                                                         5 - Consequências
Deliberação
Decisão
Intenção, crenças e desejos
Antecede habitualmente a decisão e consiste em ponderar diferentes possibilidades de acção
Ex: Devo ir à farmácia ou não? Será que não há alguém que possa ir por mim? A aspirina não irá fazer – me mal ao estômago? Se calhar isto passa sem tomar medicamentos, dormindo um pouco.

Momento em que se escolhe uma das alternativas ou possibilidades de acção, preferindo uma delas.
EX: Vou à farmácia. Esta dor de cabeça tem de ser tratada com medicamento e não vou poder dormir.

Trata – se do que pretendo com a acção. Neste caso a intenção é tratar uma dor de cabeça.
  Quando perguntamos "0 que quer fazer aquele que age?", referimo-nos à intenção, ao que o agente pretende ser ou fazer.

Motivo
Consequências
O porquê ou a razão de ser da acção.
"Por que razão quero ir à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de cabeça?» A resposta apresentar-nos-á o motivo dessa decisão, tomando-a compreensível. O motivo pode ser acabar com o desconforto físico e poder trabalhar em melhores condições.
O que resulta da acção para quem a realiza e para quem esteja directa ou indirectamente envolvido. Fico em boas condições para trabalhar, o que me agrada ou agrada ao patrão. Fico também de melhor humor o que é bom para quem eventualmente viva ou conviva comigo. Fico aliviado porque a dor passa, sinal de que parece nada ser de grave.