O PROBLEMA DA
OBJETIVIDADE DOS JUÍZOS DE VALOR
INTRODUÇÃO ÀS TRÊS
TEORIAS
1.Subjetivismo
moral
2.Relativismo
cultural
3.Objetivismo moral
UMA PRÁTICA OU COSTUME
Em certas zonas do Irão as mulheres adúlteras são
apedrejadas até à morte.
Sobre esta prática formulam-se dois juízos de valor:
1. “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é
moralmente correto(certo)”.
Quem está de acordo com este juízo ou
avaliação, afirma que é verdade que apedrejar mulheres
adúlteras até à morte é moralmente correto. Por outras palavras, diz que o juízo 1. é verdadeiro.
2. “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é
moralmente incorreto(errado)”.
Quem está de acordo com este juízo ou
avaliação, afirma que é falso que apedrejar mulheres
adúlteras até à morte seja moralmente correto. Por outras palavras, diz que o juízo 1. é falso.
A posição do
subjetivista moral
O
subjetivista moral dirá que a verdade ou falsidade daqueles juízos depende
exclusivamente dos sentimentos de cada pessoa. Se eu sinto que é reprovável apedrejar mulheres até à
morte, então será falso o juízo “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é
moralmente correto(certo)”.
Se experimentar um sentimento de aprovação
perante tal prática então será verdadeiro
o juízo “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é moralmente correto(certo)”.
Assim, a verdade ou falsidade dos juízos
morais varia conforme os sentimentos que experimentamos. Não há juízos morais
objetivos. Todos os juízos morais são relativos aos sentimentos dos sujeitos
que os emitem. São subjetivos.
Se uma prática ou costume desperta em mim um
sentimento de reprovação (“Sinto que é errado fazer isto”) então essa prática é
censurável. Se desperta em mim um sentimento de aprovação(“sinto que é correto
fazer isto”) então essa prática é moralmente correta. Cada indivíduo é, para o
subjetivista moral, a autoridade suprema em questões morais e ninguém tem o
direito de lhe dar “lições de moral”.
A cada um a sua verdade. Eu não estou errado e
tu não estás errado mesmo quando avaliamos de modo oposto. Temos simplesmente
sentimentos diferentes. Se quando
avaliamos composições musicais, pinturas e esculturas dizemos que “gostos não
se discutem”, no que respeita a assuntos morais devemos, na perspetiva
subjetivista, dizer que sentimentos não se discutem.
A posição do relativista
cultural
O relativista cultural defende que a moralidade ou
imoralidade de uma certa prática ou costume depende do que uma dada sociedade
aprova ou desaprova.
Se aprova um dado
costume, então este é moralmente correto (certo).
Se a sociedade A aprova o apedrejamento de
mulheres até à morte, então será verdadeiro
o juízo “Apedrejar mulheres adúlteras até
à morte é moralmente correto(certo)”.
Se não aprova então este é moralmente
incorreto (errado).
Se a sociedade A reprova o apedrejamento de
mulheres até à morte, então será falso o
juízo “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é moralmente correto(certo)”.
Quando
aqui se fala em sociedade fala-se da maioria dos membros que a compõem.
A
tese ou ideia central do relativismo cultural pode ser descrita desta forma:
Moralmente correto é igual a socialmente aprovado pela
maioria dos membros de uma dada sociedade.
«X é moralmente correto»
significa «A maioria dos membros da sociedade A aprova X».
Moralmente incorreto é igual a
socialmente desaprovado pela maioria dos membros de uma dada sociedade.
«X é moralmente errado»
significa «A maioria dos membros da sociedade A reprova X».
Assim, a verdade ou falsidade dos juízos
morais varia conforme o que cada sociedade considera certo ou errado. Umas
sociedades aprovam ou consideram certo o que outras reprovam ou consideram
errado. Não há juízos morais objetivos. Todos
os juízos morais são relativos aos padrões culturais(modos de pensar e de
sentir dominantes) da maioria dos membros de uma sociedade. São culturalmente
relativos.
Cada sociedade é, para o relativista cultural, a autoridade suprema em
questões morais e nenhuma sociedade tem o direito de dar “lições de moral” a
outra. Podem divergir sobre o que é certo e errado mas nenhuma sociedade pode
legitimamente dizer a outra “Nós é que temos razão. Vocês estão errados.” Há que respeitar as diferenças. Nenhuma
sociedade é melhor do que outra em termos morais.
A posição do objetivista
moral
O objetivista moral defende que a moralidade ou
imoralidade de uma certa prática ou costume não depende nem de sentimentos
pessoais nem do que uma dada sociedade aprova ou desaprova.
Há
tradições, hábitos e costumes que são objetivamente errados. Nem tudo depende
dos sentimentos e preferências individuais ou das convenções de uma sociedade. É o caso, por exemplo, da morte de
pessoas adúlteras por apedrejamento.
O juízo “Apedrejar mulheres adúlteras até à morte é moralmente incorreto(errado)”
é verdadeiro e objetivo. Este costume é errado em si mesmo, objetivamente
errado.
Há verdades morais universais. As verdades morais são independentes de
qualquer ponto de vista particular seja ele o de um indivíduo ou o de uma
sociedade.
O racismo, para
dar mais um exemplo, é objetivamente errado, isto é, não se trata de uma
questão de opinião ou ponto de vista. Quem pensar o contrário está errado.
Para o objetivista,podemos
encontrar critérios transubjetivos e transculturais de avaliação, que
ultrapassam as perspetivas individuais ou culturais. Mediante esses critérios é
possível avaliar imparcialmente a moralidade de costumes e práticas. No caso do
apedrejamento, uma avaliação imparcial e racional concluirá que se trata de uma
prática injusta que nenhum indivíduo nem nenhuma sociedade deve admitir e
tolerar.
como se chama o autor??
ResponderEliminar