sábado, 14 de maio de 2011

A RELATIVIDADE DOS VALORES E COSTUMES

Discussão sobre a existência ou não de ideias ou valores comuns a todos os seres humanos
M: - (apontando a notícia do jornal) Esta gente esfola--se a discutir se as mulheres devem ou não ter a cara tapada. Pergunto se alguma coisa em que as pessoas se possam entender.
F: -  Estás a r a questão de saber se há ou não uma Razão Universal.
M: - Com esse palavrão o problema torna-se mais importante?
F: - Não. Serve para lembrar que não foste o único a pôr tais questões, que elas já foram e estão a ser debatidas por filósofos, políticos ...
M: - Não sei porque insistes em me arrastar para a filosofia, se tu mesmo reconheces que as suas questões (que, para mim, nem têm sentido) nunca estão encerradas.
F: - Dás-me a entender que a questão já está encerrada por ti. Mas a questão tem pleno sentido: "Razão Universal" seria uma razão comum a todos os homens.
M: - Sabes bem que tal coisa não existe. Cada cabeça cada sentença. Como podes falar de razão universal depois de teres assistido a uma campanha eleitoral? Ou a fracassos de tentativas de paz? Ou de já saberes que cada povo tem as suas ideias?
F: -A questão não está resolvida. E posso mostrar que não aceitas algumas consequências da tua tese.
M: - É impressionante essa pretensão de saberes mais das minhas ideias do que eu próprio...
F: - Imagina que estás a fazer férias na Trutilândia...
M: -Onde?!
F: - Na Trutilândia. Não existe mas podia existir. Pouco depois de chegares vais preso porque te
assoaste a um lenço verde.
M: - Como é que isso pode ser?
F: - É contra a religião deles conspurcar tecidos verdes e ao assoares-te...
M: - Estou a ver. E depois?
F: - Depois certamente te revoltavas dizendo que tal princípio religioso é aberrante e que fere os mais elementares princípios do bom senso ...
M: - E não é verdade?
F: - Talvez. Mas o caso é que estás a admitir que há algo de básico, o "bom senso", que se deveria verificar em todos os povos e indivíduos seja lá qual for a sua educação e história.
M: - Quer dizer - inventas uma história aberrante para concluíres que eu estou enganado!
F: - Muitas histórias destas ocorrem e continuam a ocorrer. Alguns povos achariam absurdo andares vestido com este calor...
M: - Isso apenas prova que os povos têm ideias totalmente diferentes e que, por isso, não devemos pensar que as nossas devem servir de padrão.
F: - Isso é bonito e estou disposto a concordar na maior parte do tempo. Mas há problemas...
M: - Claro, tu tinhas de filosofar esta coisa...
F: - Que fazes ao exemplo do lenço verde? Toleras? E, se não há limites para a tolerância, como podes exigir a um qualquer povo que respeite os direitos humanos?
M: - Deve, de facto, haver limites...
F: - Pois. E esses limites ou se baseiam em princípios racionais comuns a todos os homens ou são impostos por um povo ou cultura dominante e estamos perante um caso de intolerância.
M:- Ess a sugerir que as decisões da ONU contra os atentados aos direitos humanos são  casos de intolerância?
F: - Não sei. Claro que a minha tendência é dizer que não. Mas não sei se estou a falar apenas do ponto de vista de uma cultura que quer impor os seus valores a outras...
M: - Bravo! De tanto pensar não serás capaz de dar um passo em frente porque concluis sempre que podes estar enganado!
F: - Não. Sobre o problema, sei, para começar, que se não defendo a existência de uma razão universal tenho uma base para a tolerância mas não sei como encontrar os limites desta; ganho essa base se defendo a sua existência mas corro o risco de querer impor a minha opinião, julgando que ela reflecte a razão comum. Mas...
M: - Não sabes o que hás-de fazer!
F: - Sei que devo agir tendo em mente os limites das minhas opiniões. E sei que podemos procurar alternativas: pode-se, progressiva e lentamente, procurar construir essa razão comum por uma espécie de contrato. Afinal quando fazemos acordos comerciais estabelecemos condições que devemos respeitar. Porque é que a ONU ou outras organizações internacionais não hão-de ter um futuro semelhante?
M: - Porque os povos, como as pessoas, procuram, em primeiro lugar, defender os seus interesses.

1 comentário:

  1. bom dia espero que estejam bemn , pedia que me ajudasse no trabalho que fala sobre valores culturais , conflitos entre geracoes. aguardo pelo vosso sinal.

    ResponderEliminar