quarta-feira, 30 de março de 2011

ACTIVIDADES SOBRE O CONCEITO DE ARTE COMO IMITAÇÃO


ACTIVIDADES SOBRE O CONCEITO DE ARTE COMO IMITAÇÃO

Considere as seguintes informações:
Tese: A arte é imitação da realidade.
                                          Antítese: A arte não é cópia da realidade.
Problema: Será que a obra de um artista deve imitar a realidade para ser uma obra de arte?

1
Que resposta dão os artistas seguintes ao problema acima enunciado?

— “Não se pode imitar aquilo que se quer criar.” (Georges Braque)
— “Escrever não é descrever, pintar não é representar.” (Georges Braque)
— “A arte não reproduz o visível: torna visível.» (Paul Klee)
— “Não há serpente nem monstro odioso que pela arte imitada não se torne agradável.” (Boileau).
— “A natureza não tem imaginação.” (Baudelaire)
— “O artista é o peregrino em busca de domínios imateriais.” (Kandinsky)
— “O pintor não deve simplesmente pintar o que está perante si, mas sobretudo o que vê em si mesmo. Mas, se nada vê em si próprio, que deixe de pintar também o que vê fora de si.” (Caspar David Friedrich)


II
Que resposta dão os autores dos textos seguintes ao problema acima enunciado? Mostre, em cada texto, qual é a tese defendida e os argumentos em que se baseia. Está de acordo?
1
«As representações artísticas da realidade “transfiguram-na” aos nossos olhos, não se limitam a “representá-la”: apresentam-na sob novos aspectos, criam novas maneiras de a ver. Gombrich sublinha que os artistas (mesmo os mais “realistas”) não se limitam a copiar a realidade, mas que também a criam.
Platão tinha uma opinião negativa acerca da arte pictórica, comparando-a a um simples espelho do mundo e sustentando que os pintores nada mais faziam do que copiar aparências ou imagens visuais. Esta atitude baseia-se no “mito do olhar inocente”, menosprezando o facto de que qualquer olhar corresponde a ver como isto ou aquilo. Menospreza também o facto correspondente de que, para representar, o artista tem de “isolar e de seleccionar” e de que ao fazê-lo impõe a sua visão ao nosso mundo criando de novo para nós o nosso mundo.
É útil lembrarmo-nos neste momento de que grande parte das pinturas “representativas” da arte ocidental não pretenderam copiar a realidade. E isso não se deve ao facto de que aquilo que representavam eram pessoas ou eventos que eles não viram ou não podiam ter visto. O que eles representaram foram coisas passadas embora assumidas como reais (todas as cenas da Bíblia, Sócrates a tomar a cicuta ou a falar aos seus discípulos), coisas pertencentes a um tempo futuro (todas as cenas do Dia do Juízo Final) ou simbólicas (os quatro cavaleiros do Apocalipse) ou, com maior ou menor extensão, imaginárias ou inventadas (tais como Rake’s Progress ou cenas descrevendo batalhas ou outros eventos que se deram durante uma guerra). Os artistas podem ter assistido a esses acontecimentos, mas na maior parte dos casos não puderam fazê-lo. Ao representarem tais acontecimentos e pessoas, os artistas tiveram de escolher uma forma particular de os representar, uma forma parcialmente moldada pela sua imaginação criadora.
Mesmo em retratos ou em quadros sobre pessoas que se pode supor terem sido “copiados da realidade (no sentido em que o artista teria perante si a pessoa a ser retratada), as pessoas são orientadas para posarem de um certo modo, num determinado ambiente, etc. Aqui, uma determinada visão da realidade é criada mesmo antes de ser “copiada”.»

Rosalind Hursthouse, Truth and Representation Blackwell, pp. 275-279


2
«A grandeza do artista, o carácter revolucionáro da sua acção, consiste em libertar-nos do que é familiar. O artista é capaz de representar o que nenhuma máquina fotográfica pode captar: as imagens que um homem tem na sua cabeça. Nenhum aparelho está ao nível da flexibilidade e dos recursos da mão humana, sem falar das imensas possibilidades imaginativas do cérebro. O pintor dá-nos olhos novos, olhos graças aos quais descobrimos aspectos da realidade com os quais nem sequer sonhávamos. De facto, esses aspectos não estavam lá antes de o artista os criar por meio da transformação a que submete a realidade. Já não vemos uma montanha ou uma bandeja com fruta do mesmo modo que os nossos antepassados porque Cézanne mostrou-nos como ele os via e, assim, ensinou-nos um modo totalmente novo de ver essas coisas. Depois de Claude Monet ter libertado o nosso olhar, uma pradaria, uma catedral ou um rio aparecem-nos em cascatas de luz e de tons de que os nossos predecessores não sabiam aperceber-se.
Cada artista transmite a sua visão pessoal… destinada a transformar a nossa. Não nos resta senão maravilhar-mo-nos com o carácter miraculoso e único da visão artística, com a extraordinária variedade de modos de ver o mundo que nos rodeia.»

Léo Rosten, Stories behind the painting Cowles Communication, New York, 1962


III

 

Que posição queria exprimir o autor destes quadros acerca da produção artística e da relação entre a arte e a realidade? Que a obra de arte é uma imitação das coisas? Justifique.

IV

Por que razão não podemos de modo algum considerar que as seguintes obras de arte são cópias ou imitações da realidade? 


   
    

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