quarta-feira, 2 de março de 2011

TEXTO SOBRE O QUE É A ARTE


O QUE É A ARTE?

Comecemos desde já por dizer que a pergunta é de difícil resposta. Com efeito, definir a arte implicaria explicar o que têm em comum actividades diversas como a pintura, a fotografia, a arquitectura, o cinema, a música, a poesia, o teatro, a dança, etc. Por outras palavras, uma definição adequada de arte teria de aplicar-se e valer para todas as actividades a que damos o nome de artísticas. Podemos dizer que, sendo fruto da capacidade criadora do artista e podendo suscitar experiências estéticas, as actividades artísticas e os seus produtos — as obras de arte — pertencem à mesma “família”, mas tal caracterização é muito vaga. Dada a dificuldade, muitos pensadores consideraram que definir a arte é tarefa condenada ao fracasso. Contudo, houve ao longo da história do pensamento diversas concepções sobre o que é a arte. Essas diferentes concepções são reveladoras dos problemas que a definição de arte suscita. Serão referidas as mais habituais.


1  A Arte como Imitação


O termo imitação (traduz o termo latino “imitatio”, que, por sua vez, é a tradução do termo grego “mimesis”) é interpretado como reprodução fiel da realidade ou da natureza. Esta foi a interpretação que, por mais discutível que seja, prevaleceu. Vários autores como, por exemplo, H. G. Gadamer consideram-na superficial porque afirmam que a “imitatio” significa reconhecer, tornar conhecida e familiar a realidade, recriando-a. Para a nossa exposição, adoptaremos a interpretação de imitação como reprodução ou cópia. O conceito de arte como imitação encontra-se na Antiguidade em Platão e Aristóteles. Para Platão, a arte é a reprodução de algo que se toma por modelo. Mas Platão considera que a arte não reproduz a verdadeira realidade (inteligível, não-sensível), mas simplesmente as aparências sensíveis. Para Aristóteles toda as artes imitam a realidade.
A concepção da arte como imitação da realidade dominou a estética ocidental até ao século XVIII.
A ideia de que a arte — e sobretudo a pintura — imita ou deve imitar a realidade, constituindo-se como uma cópia ou espelho no qual os objectos são reflectidos o mais fielmente possível, tem portanto uma longa tradição. Não tendo hoje em dia aceitação nos meios artísticos ou nas teorias sobre a arte, continua, contudo, a seduzir a opinião pública em geral.
Nas galerias de arte dos nossos dias ainda encontramos pessoas a dizer, em tom de aprovação, que tomaram o quadro pela realidade que ele supostamente representava. Para quem concebe a arte como imitação ou cópia do real, a obra artística seria tanto mais valiosa quanto mais iludisse e enganasse, isto é, quanto maior fosse a “ilusão de realidade” provocada em quem a contempla.
Escritores da Antiguidade contam-nos histórias acerca de artistas cujos quadros eram tão “realistas” que muitas pessoas pensaram estar a ver realmente aquilo que os quadros representavam e reagiram como se estivessem perante objectos reais. Assim, um autor romano, Plínio, conta a história de um pintor, Zêuxis, cujos quadros copiavam tão bem a realidade que as uvas neles representadas atraíam as aves. Sobre Apelles conta-se que os cavalos relinchavam perante os seus quadros representando animais da mesma espécie e Leonardo da Vinci assegurava que tinha visto cães a atacar quadros representando outros cães.
No século  XVIII, Diderot (1713-1784) afirmava-se um entusiástico defensor da pintura como imitação, elogiando as obras que reproduziam fielmente o visível, o natural e reprovando aquelas que não o faziam. Para este  filósofo francês a reprodução (a obra artística) ideal seria aquela em que os objectos, de tão verídicos, parecessem fora da tela, iludindo o nosso olhar e fazendo-nos crer que estávamos a contemplar a própria realidade.
Pretendeu-se que o objectivo da esmagadora maioria dos primeiros pintores (antes de Giotto) teria sido o de produzir nos seus quadros uma convincente ilusão de realidade e que a descoberta dos princípios da perspectiva geométrica durante o Renascimento tinha sido determinada por essa finalidade (reproduzir fielmente o real). O argumento pode reconstituir-se deste modo: quer-se imitar a realidade, reproduzi-la, mas a tela é plana (bidimensional) e a realidade é tridimensional (não é só comprimento e largura, tem também profundidade). Os pintores renascentistas, ao inventarem a perspectiva pretenderam recriar a realidade produzindo a ilusão de a tela ser uma realidade tridimensional1. Assim, contribuíram para causar nos espectadores de um quadro a chamada ilusão “fotográfica” de contemplar um rosto, uma figura, uma paisagem, tal como na realidade os vemos.



Críticas à Concepção da Arte como Imitação do Real


1 – Esta concepção baseia-se numa concepção ingénua da realidade.
A realidade não se reduz aos objectos da nossa percepção imediata. A física ensina-nos que os constituintes últimos da matéria (electrões, protões, neutrões) não são objectos dos nossos sentidos nem, rigorosamente falando, coisas. Aquilo a que chamamos real não é nada de evidente. Se olharmos para um quadro de Picasso podemos dizer que aquilo que mostra é tão pouco evidente como a realidade que os físicos se esforçam por compreender. Não vendo as coisas como são (não vemos os átomos de que é feita uma mesa) podemos, como faz Picasso, imaginar e pintar num quadro a dimensão imperceptível das coisas. Em certo sentido, a realidade é o que não vemos ou percepcionamos. Há na realidade dimensões — como a dimensão subatómica da matéria — inacessíveis aos sentidos: as coisas não são como as percepcionamos à escala humana. A arte não pode imitar a realidade, mas unicamente simulá-la, ultrapassando a visão simplificada que temos das coisas e tornando visível através da imaginação a sua complexa estrutura.

2 – O artista não representa as coisas que vê, mas o modo como vê e também como imagina as coisas. O quadro aparentemente mais “realista” está condicionado na sua criação pela experiência do artista, pelos seus sentimentos, pela forma como avalia as relações sociais do seu meio, pelos ideais que, porventura, queira transmitir. Um quadro de Daumier  que retrata o cansaço de pessoas humildes num comboio, não é uma cópia do que viu, mas a tradução pictórica de uma experiência ou a forma simbólica de expressar simpatia pela condição dos desfavorecidos, de protestar contra as duras condições de trabalho das mulheres e das crianças na sociedade de meados do século XIX.
Vemos e ao mesmo tempo interpretamos e seleccionamos aquilo que queremos representar: Daumier não se preocupou com a velocidade do comboio ou com a paisagem, mas sim em dar-nos a ver três seres cansados.
Mesmo a mais simples das paisagens que o artista pinta não é o resultado de um “olhar inocente”: dá-se mais importância a um aspecto das coisas do que a outro, às sombras ou à luz, etc.
«Ninguém espera da música ou da arquitectura que reproduzam a realidade sonora nem o mundo    das formas que podemos ver na natureza. São linguagens, artes da combinação e da composição de signos e de formas. Pode acontecer que a música reproduza instrumentalmente o som de um fenómeno real, como uma tempestade ou o ruído de uma batalha. Assim “O amor”, “O vento na planície” são o tema de composições de Claude Debussy. Mas não reproduzem esses fenómenos exactamente: transfiguram-nos, evocam-nos, não os imitam. Uma tempestade numa ópera não é uma tempestade, é música.
Por que razão o que é evidente numa arte como a música deixaria de o ser em pintura? Porque não chamamos ao pintor um “compositor” tal como o fazemos com o músico? Estará o pintor vocacionado para copiar o mais exactamente possível o que é dado ao seu olhar? A sucessão de notas musicais não é uma sucessão de ruídos naturais. Por que razão pensar que o que vemos sobre a tela deve ser o que vemos no mundo?»

Hervé Boillot, 50 modèles de dissertations philosophiques.


2.  A Arte como Expressão

A concepção da arte como expressão é acentuada e desenvolvida sobretudo pelo romantismo, que valoriza de forma especial o poder criador da imaginação do artista. Expressão de quê? Essencialmente de sentimentos e emoções dificilmente transmissíveis de outra forma. A arte é o veículo privilegiado para a comunicação de sentimentos e emoções não só do artista, mas também de outros seres humanos.
Dizer que a arte é expressão de sentimentos humanos é uma fórmula consagrada que na maioria dos estudantes produz um impacto imediato.
Tradicionalmente a teoria da arte como expressão supõe uma teoria referente àquilo que o artista sente e empreende quando cria uma obra de arte. Tolstoi, Benedetto Croce, R. G. Collingwood e outros escritores divulgaram cada qual ao seu modo esta fórmula; e o público em geral ainda reage à fórmula “arte como expressão” mais favoravelmente do que a qualquer outra. Uma exposição típica desta ideia pode encontrar-se na obra de Collingwood intitulada “The Principles of Art”. Aí descreve o artista como alguém estimulado por uma excitação emotiva, cuja natureza e origem ele próprio desconhece, e que consegue encontrar alguma forma de a expressar: nesse momento a emoção que estimulou a expressão torna-se presente na consciência do artista. Este processo é acompanhado por sentimentos de libertação e de compreensão interior.
Uma famosa versão do conceito de arte como expressão é a teoria de Tolstoi, célebre romancista russo.
O que é a arte para Tolstoi? É a comunicação intencional de sentimentos. Na obra de arte o artista cria algo que exprime o sentimento que ele experimentou. Segundo Tolstoi, a criação de uma obra de arte é um processo constituído pelos seguintes momentos: primeiro, o artista tem uma experiência ou um sentimento que pode ser o medo ou a alegria, a angústia ou a esperança. Decide então partilhar esse sentimento com os outros, incuti-lo, dar-lhes esse mesmo sentimento de modo a que eles se tornem, por exemplo, alegres e esperançados ou angustiados e receosos. Para comunicar este sentimento aos seus semelhantes cria uma obra de arte — uma história, um romance, uma peça teatral, um poema, um tema musical, que lhe dará de novo aquele sentimento original que a motivou. Mas — mais importante — produzirá nos outros homens o mesmo tipo de sentimento. A arte é essencialmente uma forma de comunicação no sentido em que o sentimento que levou o artista a criar a sua obra é também vivido pela sua audiência. O artista não se limita a descrever o seu sentimento de alegria ou de dor; não se limita a revelar ou a mostrar o seu sentimento de raiva ou de medo; o artista partilha os seus sentimentos com os seus semelhantes (os outros homens) criando uma obra de arte que os faz sentir alegres, aterrorizados, etc.
Não é de surpreender que Tolstoi rejeite como pseudo-arte muitas obras que usualmente são aceites como artísticas. A arte deve ter como sua origem uma experiência ou um sentimento do artista. Muita pseudo-arte deve-se à falta de sinceridade do artista ou à tentativa de criar uma obra de arte que não tem a sua origem num sentimento ou numa experiência reais.
Em suma, a arte exige a adequada expressão de um sentimento genuíno.
Tem-se definido a arte como a linguagem das emoções, tem-se dito que a arte exprime e comunica sentimentos. A característica distintiva da teoria de Tolstoi é a de que o sentimento real do artista é efectivamente comunicado pela obra que ele cria. Segundo Tolstoi, não nos limitamos a reconhecer que o autor de um poema foi afectado por um autêntico sentimento de dor. Se o poema for uma genuína obra de arte, nós sofremos. A teoria de Tolstoi estabelece uma íntima conexão entre arte e vida.


3.  A Arte como Transfiguração da Realidade.


É frequente encontrarmos em qualquer “História da Arte” ou em ensaios sobre a obra artística expressões como “o mundo de Picasso”, “o universo de Van Gogh”, “o mundo de Mozart” ou “o universo de Fernando Pessoa”. O que significam estas expressões?
A primeira evidência é a de que não se está a falar da época em que os referido artistas viveram. De que se trata então? De universos ou mundos imaginários criados pelo génio artístico que nos comunica uma percepção ou visão do mundo, se não completamente diferente da nossa, pelo menos expressa de um modo original.
Cada obra de arte introduz-nos, em maior ou menor grau, nesses mundos imaginários ou fictícios.
Quererá isto dizer que a obra artística nada tem a ver com a realidade, a vida, o mundo real?
A arte é uma modalidade específica de vivência do mundo e de organização da experiência humana.
O que o artista cria corresponde a uma transfiguração do mundo real. O universo artístico é o real transfigurado, recriado, nunca algo de absolutamente irreal. Podemos dizer que o artista abre à realidade as portas da imaginação e alarga o horizonte da nossa experiência sensível e também pensante. A arte é criação de formas sensíveis (literárias, pictóricas, cinematográficas, etc.) que, mesmo quando parecem não o fazer, interpretam a realidade enriquecendo-a com novas perspectivas e modalidades de expressão.
O instrumento dessa transfiguração — iluminar a realidade com uma nova luz — é o símbolo. Através do símbolo dá-se a abertura da realidade “representada” a sentidos e significados que não possui em si mesma. Torna-se assim possível uma percepção mais rica e completa da realidade. Assim, numa obra como “Guernica” de Picasso (consultá-la no Capítulo 4) vemos objectos fragmentados, sem qualquer coerência entre si, o desenho é simples e quase infantil, os tons negros e cinzentos. Todos estes elementos compõem uma imagem dilacerante dos efeitos do bombardeamento da aldeia basca de Guernica que ultrapassa o contexto da guerra civil espanhola convertendo-se em símbolo universal do horror da guerra e das atrocidades humanas.
Não queremos com isto dizer que toda a obra de arte é simbólica, mas que muitas obras de arte têm uma função simbólica que traduz uma transfiguração do real.
O universo imaginário da obra de arte, apesar das aparências em contrário (caso da literatura fantástica, por exemplo), é um universo alternativo que, seja qual for o seu grau de distanciamento ou de “irrealismo”, está em conexão com o mundo real. O mundo imaginário que o artista cria é a mediação que este estabelece com o mundo real, preenchendo-o com outros sentidos ou possibilidades: enriquece com novas configurações a nossa vivência ou experiência, dá “novos mundos ao mundo”.
Por exemplo, podemos dizer que a realidade ou o mundo em que o ser humano vive é excessivamente complexo, assustador e impenetrável para que não experimente uma sensação de impotência, de dilaceração interior, perante ele. Em termos mais simples, diz-se que a vida “mete medo”. Encontramos num quadro de Edward Munch intitulado O Grito uma forma mais expressiva de comunicar tal sentimento ou experiência e isto apesar de estarmos num plano imaginário (as figuras do quadro não são seres reais, o local não existe no mundo real, o céu e a natureza aparecem de tal modo transfigurados que parecem completamente irreais). A imaginação do artista alarga ou intensifica a percepção e a visão que temos da realidade e da situação do homem no mundo.
O universo imaginário (situações, pessoas, acontecimentos, locais) que o artista constrói e que se corporiza na obra de arte tem como referente último o mundo real, não é criado a partir do nada: tem uma base real, ou seja, a sua criação assenta em elementos que o artista, em maior ou menor grau, encontra no mundo real.

4.  A Arte como Conhecimento.


A arte é uma forma de organização do mundo que transforma e transfigura a experiência vivida dando-a a conhecer, não mediante conceitos abstractos, mas através do sentimento e da imaginação.
«O verdadeiro artista intui a forma organizadora dos objectos ou eventos sobre os quais focaliza a sua atenção. Ele vê, ou ouve, o que está por trás da aparência exterior do mundo. Por exemplo, no filme Amadeus, de Milos Forman (Óscar de 1985), há uma cena que mostra esse processo. A sogra de Mozart censura-o. Mozart, lentamente, deixa de prestar atenção às palavras para sintonizar a melodia e ritmo do discurso. Ele ouve a musicalidade por trás do discurso inflamado e compõe uma ária para “A Flauta Mágica”. Assim, como todo o artista, ele percebe, pelo poder selectivo e interpretativo dos seus sentidos, formas que não podem ser nomeadas, que não podem ser reduzidas a um discurso verbal explicativo, pois elas precisam de ser sentidas e não explicadas. A partir dessa intuição, o artista não cria mais cópias da natureza, mas símbolos dessa mesma natureza e da vida humana.
Esses símbolos, portanto, não são entidades abstractas. Ao contrário, são obras de arte, objectos sensíveis, concretos, individuais, que representam analogicamente, ou seja, por semelhança de forma, a experiência vital intuída pelo artista. Assim, a tela de Mondrian intitulada “New York” não reproduz figurativamente, iconicamente, a cidade, mas representa analogicamente a vivência do artista em relação a ela. E essa apreensão do concreto, do imediato, do vivido, é transportada para uma outra obra que, ela também, é um objecto concreto para o espectador. Assim, quando apreciamos uma obra de arte, fazemo-lo através dos nossos sentidos: visão, audição, tacto, sinestesia, e, se a obra for ambiental, até o olfacto. E é a partir dessa percepção sensível que podemos intuir a vivência que o artista expressou na sua obra, uma visão nova, uma interpretação nova da natureza e da vida. O artista atribui significados ao mundo por meio da sua obra. O espectador lê esses significados nela depositados. Essa interpretação só é possível em termos de intuição e não de conceitos, em termos de forma sensível e não de signos abstractos».

Maria Lúcia Arruda e Maria Helena Martins, Introdução à Filosofia, Editora Moderna, São Paulo, Brasil, 1991, pp. 384-388


5.  A Arte como Símbolo.


Para alguns filósofos da arte a teoria da expressão deve ser substituída e, no mínimo, completada por uma teoria da significação. Por outras palavras, a arte seria mais profundamente definida como símbolo de sentimentos — e de outros processos psíquicos do que como sua expressão. Algumas obras de arte, em especial as musicais, são a representação icónica de certos processos psicológicos. Deve notar-se que esta definição de arte é de difícil generalização dada a dificuldade em interpretar muitas manifestações artísticas, sobretudo as actuais.
«Segundo a teoria da significação, as obras de arte são signos icónicos do processo psicológico que se verifica nos seres humanos e, especificamente, são signos dos sentimentos humanos. A música é o elemento mais claro porque nela não está presente o elemento representativo. A música é essencialmente cinética; sendo uma arte temporal, flui com o tempo: agita-se, salta, ondula, torna-se impetuosa, eleva-se, titubeia, move-se de novo, etc. Os esquemas rítmicos da música parecem-se com os da vida: noutros termos, são icónicos. Assim, para dar exemplos evidentes, os esquemas rítmicos de subidas e descidas, de crescendos e diminuendos, com elevações graduais até a um clímax que logo cessa (como pode ver-se no “Liebestodt” do Tristão e Isolda de Wagner), tem uma considerável semelhança estrutural ou isomorfismo com o ritmo do acto e do clímax sexuais. O esquema do movimento lento do Quarteto número 16, Op. 135, de Beethoven, é similar à inflexão da voz de uma pessoa ao formular perguntas e ao responder-lhes logo».

John Hosper, Estética, Cátedra, «Colecção Teorema», Madrid, 1990, pp. 141-142

6.  A Arte como pura forma.


Na obra de arte, em geral, podemos distinguir dois planos: o plano do conteúdo (o tema, a mensagem, a história ou os sentimentos que a obra pretende comunicar) e o plano da forma (a forma é o meio de materialização do conteúdo). Assim sendo, pode haver diferentes maneiras de expressar um mesmo conteúdo. Para os partidários da concepção de arte como pura forma, o especificamente artístico é a forma. A arte deve ser esvaziada de qualquer conteúdo. A arte não deve ter qualquer preocupação temática ou em transmitir uma mensagem. A arte abstracta é o expoente máximo desta perspectiva. Nela manifesta-se de modo superior a autonomia da arte a respeito de qualquer intenção ou exigência de representar a realidade. Petr Mondrian e Kandinsky são dois pintores defensores da perspectiva aqui brevemente exposta.


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