sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TESTE DIAGNÓSTICO 10º ANO CORRIGIDO


Escola Secundária com 2º e 3º Ciclos
Prof. Reynaldo dos Santos
Vila Franca de Xira

Teste Diagnóstico de Filosofia
10º Ano
Ano Lectivo 2010/2011                                                            


            - Leia atentamente todo o enunciado antes de começar a responder às questões.
            - Tente responder de forma clara às questões propostas.

I

1.«Todas as verdades são relativas» diz a Joana. Poderá a Joana estar a dizer a verdade? Porquê?
R: O relativismo é a teoria segundo a qual não há verdades universais e absolutas e, consequentemente, todas as verdades são relativas a indivíduos, a sociedades e a culturas. Uma forma rápida de colocar a Joana em dificuldades é perguntar se esta afirmação - «Todas as verdades são relativas» - é ela mesma relativa ou universal e absoluta. É que, se é relativa, então é verdadeira apenas para os indivíduos, sociedades ou culturas que a aceitam e falsa para todos os outros. Se, pelo contrário, esta ideia não é relativa, mas universal e absoluta, então há verdades universais e absolutas. Em qualquer dos casos, o relativismo contradiz-se. Nesta ordem de ideias, o relativismo é contraditório porque é a teoria segundo a qual tudo é relativo, excepto o próprio relativismo.

2.«Quem mata deve morrer (ser morto)». Está de acordo? Porquê?
R: O argumento não é bom porque podemos inventar um contra – exemplo do género: «E quem rouba deve ser roubado? E quem come deve ser comido?». O argumento não tem uma forma válida. Note – se que não se pede a opinião do aluno sobre a pena de morte mas unicamente sobre este argumento a favor da pena de morte. Que o argumento seja incorrecto não significa que a pena de morte seja incorrecta. Somente se refuta um argumento a favor da pena de morte. É como rejeitar um determinado argumento a favor da existência de Deus. Se o argumento não for convincente o problema é do argumento e não de Deus. Rejeitar o argumento não significa declarar que Deus não existe mas tão só que o argumento que pretendia provar essa existência não consegue esse objectivo.

3. «Ter uma boa intenção é condição suficiente para agir bem». Está de acordo? Porquê?
R: Não estou de acordo embora haja filósofos que defendem esta tese. As consequências de uma acção também são importantes para avaliar se ela é correcta ou incorrecta. Imagine que o seu objectivo é fazer bem a uma pessoa mas acaba sem querer por lhe fazer mal. Dirá que só a intenção conta? As consequências não são importantes?

4. Fintar um adversário é uma condição necessária para marcar golo. Está de acordo? Porquê?
R: Traduzindo: «É indispensável fintar um adversário para marcar golo? Só se marcam golos quando se fintam adversários?». É claro que não porque marcam – se golos de penalty, de livre directo ou indirecto, naa sequência de pontapé de canto, etc.

II

1.O que há de errado com os seguintes argumentos?

a) Nenhum dos meus netos gosta de Matemática. Creio que na próxima geração não teremos cientis­tas.
R: Comete – se o erro da generalização abusiva ou exagerada. Nada impede que haja muitos jovens que gostem de matemática e que sigam cursos científicos.

b) A pena de morte está errada porque não há o direito de tirar a vida a ninguém.

R: A pena de morte consiste no direitos que alguns estados se atribuem de tirar a vida – de executar, matar – alguns cidadaõs para castigarem os seus crimes. Assim sendo, a frase diz o seguinte: «É errado o direito de tirar a vida a alguém porque não há o direito de tirar a vida a ninguém».
Como argumento não é grande coisa dizer que a pena de morte é errada porque é errada.

c) Uma vez que esta equipa é extraordinária, cada membro da equipa é extraordinário.
R: É errado atribuir a cada membro de um grupo qualidades que julgamos pertencerem ao grupo porque nem todos são iguais. Assim, o facto de o Barcelona ser uma equipa extraordinária não faz de cada um dos seus membros jogadores extraordinários. Na verdade, só dois ou três – Messi, Xavi e Iniesta – são fora do comum.

d)Ninguém provou que Deus existe. Logo, Deus não existe.
R: A nossa incapacidade em provar que Deus exista não significa necessariamente que Deus não existe. Deus até pode existir. Nós é que ainda não descobrimo um prova demonstrativa da sua existência. Este argumento diz mais sobre nós – sobre as nossas limitações - do que sobre Deus.

e) “Tal como todas as pessoas têm uma mãe, todas as coisas têm uma causa. Logo, tem de haver algo que seja a causa de todas as coisas. Essa causa é Deus.
R: Falsa analogia. Todas as pessoas têm uma mãe. Facto óbvio. Mas isso não quer dizer que haja uma mãe de todas as pessoas, uma espécie de mãe universal. Se todas as coisas têm uma causa – um tornado tem uma causa, um nascimento tem uma causa, uma dor de dentes tem uma causa, o aquecimento global também – isso não implica que haja uma causa e só uma de todas elas, uma causa universal, de todas as coisas.

2.Quais dos seguintes argumentos são correctos?

a) Se chover, a rua ficará molhada. P1
Choveu. P2
Logo, a rua ficou molhada. C

Eis várias formas de traduzir P1 ou premissa 1:


A rua ficará molhada, se chover.
Caso chova, a rua ficará molhada.
Desde que chova, a rua ficará molhada.
Para que a rua fique molhada, basta que chova.
Que chova é condição suficiente para que a rua fique molhada.
A rua não ficará molhada amenos que chova.

R: Correcto. Afirma – se que no caso de chover a rua ficará molhada. Como choveu a rua ficou molhada. É próprio da chuva molhar. Se basta chover para que a rua fique molhada então do facto de chover deduz – se ou infere – se necessariamente que a rua ficou molhada.

b) Se chover, a rua ficará molhada.
A rua ficou molhada.
Logo, choveu.

R: Incorrecto. As premissas não implicam a conclusão porque o facto de a rua estar molhada não é necessariamente sinónimo de que choveu. Um cano de água pode ter – se rompido ou os bombeiros podem ter acorrido a um incêndio molhando a rua.

c) Os futebolistas do Real Madrid ganham muito dinheiro.
Ronaldo ganha muito dinheiro.
Logo, Ronaldo é futebolista do Real Madrid.

R: Incorrecto. Há quem ganhe muito dinheiro e não seja jogador do Real Madrid nem jogador de futebol, caso de Bill Gates e Steve Jobs. Que os jogadores do Real Madrid ganhem muito dinheiro não faz de toda a gente que ganha muito dinheiro jogador do Real. Seria uma equipa muito estranha... e gigantesca.

d) Os (Todos os) futebolistas do Real Madrid ganham muito dinheiro.
Ronaldo é futebolista do Real Madrid.
Logo, Ronaldo ganha muito dinheiro.

R: Correcto. Se ser jogador do Real significa ganhar muito dinheiro, ser muito bem pago, então é óbvio que sendo jogador desse clube, Ronaldo ganha muito dinheiro. Eis um outro argumento com a mesma forma e, por isso, válido:
Os pilotos de Fórmula 1 arriscam a vida em cada corrida.
Fernando Alonso é piloto de Fórmula 1.
Logo, Fernando Alonso arrisca a vida em cada corrida.





III
Leia atentamente o seguinte texto:

"Se todos os seres humanos, menos um, tivessem uma opinião, e apenas uma pessoa tivesse a opinião contrária, os restantes seres humanos teriam tanta justificação para silenciar essa pessoa como essa pessoa teria justificação para silenciar os restantes seres humanos, se tivesse poder para tal. Caso uma opinião constituísse um bem pessoal sem qualquer valor excepto para quem a tem, e se ser impedido de usufruir desse bem constituísse apenas um dano privado, faria alguma diferença se o dano estava a ser infligido apenas sobre algumas pessoas, ou sobre muitas. Mas o mal particular em silenciar a expressão de uma opinião é que constitui um roubo à humanidade; à posteridade, bem como à geração actual; àqueles que discordam da opinião, mais ainda do que àqueles que a sustentam. Se a opinião for correcta, ficarão privados da oportunidade de trocar erro por verdade; se estiver errada, perdem uma impressão mais clara e viva da verdade, produzida pela sua confrontação com o erro — o que constitui um benefício quase igualmente grande." (John Stuart Mill, Sobre a Liberdade, 1859, trad. de Pedro Madeira, Edições 70, p. 51.)


Identifique a alternativa correcta
1.Este texto é sobre:
A – A liberdade de expressão.
B – A democracia.
C – A diversidade das opiniões.
D – A subjectividade das opiniões.

2.O autor do texto é:
A – Contra a opinião da maioria.
B – A favor da opinião da minoria.
C – Contra a liberdade de expressão.
D – A favor da liberdade de expressão.

3.Este texto é essencialmente:
A – Literário.
B – Argumentativo.
C – Político.
D - Informativo.

4.Relativamente à liberdade de expressão, o texto defende que:
A – Silenciar uma opinião falsa é bom porque remove erros.
B – Só temos o direito de silenciar pessoas que defendem ideias imorais.
C - Só temos o direito de silenciar pessoas que defendem ideias erradas.
D – O valor de uma opinião depende da justificação apresentada por quem a defende.

5. O autor do texto é:
A – A favor do confronto de ideias.
B – A favor do confronto de pessoas.
C – A favor de ideias semelhantes às suas.
D - A favor de ideias que não perturbem o saber estabelecido


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